O saber...

Sou a tinta que escorre pela tela que um dia se esqueceu de sonhar, a tinta escorria mas a cor permanecia desaparecida, perdida entre as pinceladas de uma vida, de um sentimento repleto de tudo mas vestido de um nada permanente de uma ausência daquilo que um dia foram as gotas de uma cor que se fundiram e formaram um arco-íris de paixão avassaladora, de um amor tão principal. O sol passava por entre as vidraças pintadas a cor pastel, aquela casa perdeu a vida, porque o pintor acabara de perder o coração, todas as terás tornavam-se um misto de tudo o que um dia teve e o que no presente possuía, nada, um nada que lhe roubava a vida e que lhe tirava o brilho que sempre teve, a paixão fugaz que sempre sentiu. Esperava o calar e ali focava perante todas aquelas obras que criavam pó, que esperavam que alguém as pegasse e resgatasse daquele fim de vida, daquele escuro em que um dia acabaram atiradas pela falta de algo que afinal não se consegue viver sem ele, o amor. Estava assim eu, arrastado naquela simples tela que falava de amor, estava eu retratado em cada risco, em cada forma que ali estava pintada, em cada sorriso que ali estava preso. O sol bateu e incidiu a sua luz sobre a cara do pintor, este abriu de novo os olhos e reparou que apenas estava a deixar passar a vida ao seu lado, que não agarrava as oportunidades e que apenas sobrevivia entre as recordações de uma vida, entre o esquecimento de um amor. Sorriu, apenas sorriu e voltou a pegar no pincel, pintou sobre a minha tela e criou em mim vida, aquela que estava adormecida e que eu tanto procurava, que eu tanto pedia que um dia se realizasse, que um dia deixasse de ser um sonho inalcançável e se tornasse uma verdade inquestionável. Agora sim, posso dizer que as minhas cores são vivas, o sentimento verdadeiro, as forças enormes e a vontade de ser feliz interpela cada obstáculo e até mesmo cada barreira construída apenas para me agarrar a um passado que nem eu próprio já sei como foi. Se as paixões destroem barreiras, as verdades impedem que estas sejam construídas...

Comentários

  1. Muitíssimo agradecido.

    Lindas descrições aqui neste post. Bonitas as fotografias *suspiro*.

    Lindo este texto, lindo mesmo!

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