Fora d´horas...

As mãos escorriam pelo corpo fundido num desejo sussurrante. Eram beijos rasgados com sabor a desejo, roupas espalhadas, uma cama desfeita, uma vontade satisfeita. Contornos pintados numa tela com cor de sangue, com reflexos e devaneios de duas mentes depravadas que se entregavam ao desejo sem o reprimirem. Os olhares penetravam-se em espasmos mudos e apertões que deixavam marca, que os marcavam nas tatuagens bruscas e brutas que lhes faziam querer mais, que lhes faziam desejar mais. Os dias eram contados pela vontade de percorrer quilómetros a fio, distâncias que nada eram, intervalos que os faziam rasgar a pele, atreverem-se a ser ousados. Eram livres num acto apenas deles, numa mistura de secretismos e de antagonismos que lhes conferia uma identidade tão própria. Ali despiam-se, largavam-se as rotinas e entregavam-se ao prazer do corpo, sem moralismos, sem falsas modéstias de quem desconhece o que é agarrar um corpo explorando o que vai para além do mesmo. Eram trovadores de um conto sem ponto, entre as taças de vinho e uma mesa composta esperando os ver sentados, deliciavam-se naquele sofá, naquela sala de um hotel qualquer, em que se perdiam um no outro, em que descobriam a melhor forma de aperfeiçoar uma paixão...



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