Rio Tejo...

Deitavas a cabeça sobre o meu ombro, sentia-te, sentia o pulsar do teu coração numa corregia desenfreada, num olhar trocado. Ficamos ali horas a fio, loucos, entregues a uma loucura tão nossa, a um sonho vivo em segredos sussurrantes. Caminhamos tantos quilómetros até ali chegar, enfrentamos barreiras, derrubamos muros, voamos por paisagens desconhecidas e pousamos num lugar qualquer – pouco importa o lugar quando se fala na linguagem do amor. Éramos o nosso próprio segredo, um sentimento vivido, gasto por nós mesmos, agarrado à nossa pele, parte integrante do nosso respirar. Éramos um único corpo, um querer, éramos a nossa voz, o toque, o beijo, o arrepiar da pele.
Libertos de amarras, agarrávamos na mão um do outro, corríamos por entre o tempo e sorriamos de uma forma tão peculiar. No amor não existia o errado, o incorrecto e muito menos o intervalo, vivíamos um amor secreto e secreto era este amor que nos tatuava a pele, que nos fazia olhar o destino de uma outra forma, com um outro sentido. Perguntaste-me se a nossa história seria eterna ao que te respondi que o eterno éramos nós que o formávamos, na nossa memória, na nossa lembrança e naquela saudade que nos habita sempre que sentimentos a falta de alguém que não está perto.
Simplesmente eu disse-te que vivia a vida em cada dia, que gostava de ser um narrador de presente, um sonhador, um brincador destas palavras escritas, meio ditas, meio despidas.
Foi então que corremos por entre aquelas dunas, naquela praia deserta de pessoas em pleno mês de Outubro, com um pôr- do-sol do quão nunca mais vou esquecer. Disseram-me um dia que não fomos feitos para ser prisioneiros, que temos asas para voar mesmo que elas não sejam visíveis ao nosso olhar. Eu sempre fui assim, um homem do mundo, um homem que nunca se prendeu, um homem que não vê no amor uma prisão mas, sim, a continuação do um projecto que chamamos de vida. Em ti me perdi, ou perco-me por querer-te tanto, perco-me nestas horas em que te espero, nestes textos em que te narro, nestas histórias em que te dou o papel principal. Serei insane a teu lado mas, sabe tão bem, esta insanidade quando se fala em amar, quando falo em te amar.

Fiquemos então aqui, só mais um pouco, olhando em frente, escutando o silêncio, admirando a paisagem, despedindo-nos numa partida por entre o Rio Tejo. Hoje eu sou ponte, sou fado, hoje eu sou um tanto de ti, hoje eu sou a distância que te abraça, o ser que te lembra, o homem que te espera...



Comentários

  1. És sem dúvida um homem diferente e que faz a diferença. É sempre bom ler os teus textos, Forte abraço

    ResponderEliminar
  2. Boa noite,
    O mistério da vida está nas oportunidades dos encontro. Nos corpos que se abraçam e nas almas que se enlaçam. A alma que ama, quando erra no caminho, recomeça. As oportunidades, são o incentivo para se ultrapassar obstáculos e abrir portas e janelas. A vida é um obstáculo imperdível, mesmo que se apresentem inúmeros factores que digam o contrário. A verdadeira vitória é conquistada com paz. Conquistar o que se almeja. Nunca percas a garra de construíres o que queres e deixa o destino levar-te, ouvindo sempre a voz do teu coração.
    Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer o que quero.
    Tenho felicidade o bastante para fazê-la doce e dificuldades para fazê-la forte,
    Tristeza para fazê-la humana e esperança suficiente para fazê-la feliz.
    As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas, elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos."
    Clarice Lispector
    Beijinhos
    De Liberdade

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Boa noite Liberdade,

      Como sempre palavras sábias que vão ao encontro das palavras que aqui deixo escritas.
      Tenha uma boa noite.

      Um Beijo :)

      Eliminar
  3. Absolutamente encantador este momento descrito na magia de um texto *.*

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Se eu pudesse... trazia-te de novo à vida...

"Preciso de ti... de nós..."

"Voltar a acreditar... no amor."