Respiração...

Em cada filamento dos seus dedos sentia a pele dela, os poros respiravam vontade e os lábios eram tocados em suaves mordidas que pediam mais. O instante era de silêncio, uma leitura de dois corpos, entrelaçados, moldados, aperfeiçoados em espasmos complementares de dois seres selvagens. Sentiam-se, amavam-se no desejo da mente, no acto de prazer de uma nudez deles emanada. Eram sangue desenfreado de uma juventude vivida, em cada recanto do ser, em cada gemido abafado pelas palavras que faziam confissões. Sussurros apenas de dois amantes, numa cama, numa noite fresca em que, as janelas, ficavam embaciadas pela partilha contida entre lençóis, desejo, pele. Acariciavam o corpo chegando à alma, descobriam linhas, paralelas, cruzadas, complementares. Liam-se, na cegues dos olhos, na visão dos dedos, daqueles que percorriam, ambos, que desvendavam segredos. Ali esqueciam-se passados, presentes e nem eram ouvidos os futuros, ali fazia-se história, escrevia-se poesia nas melodias e canções perceptíveis ao ínfimo da vontade humana. Eram tudo e ao mesmo tempo nada, mundo pequeno, acto insane, viviam no segundo e era, nesse mesmo segundo, que perdiam a respiração que os mantinha vivos.


Comentários

  1. ai, que saudades de vir aqui! Como sempre, adorei este teu texto!

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  2. Esta semana quase não consegui cá vir... Ou pelo menos foi o que senti... E finalizo o meu dia com um texto destes... De cortar a respiração!!!
    Beijinho

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